sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

EXPEDIÇÃO USHUAIA 2016

Estamos começando uma grande aventura repleta de desafios. Serão cerca de 30 dias de viagem percorrendo pouco mais de 14.000 km de estradas nas mais variadas condições e com diferentes biomas. Cruzaremos toda a região sul do Brasil, passando pela região do Contestado, entre Paraná e Santa Catarina. Na divisa entre Santa Catarina e Rio Grande do Sul, o Rio Uruguai já desponta com toda sua beleza e grandiosidade. Ainda no Rio Grande do Sul, passaremos pela região das Missões, carregada de fatos históricos que por si só fazem valer uma viagem só para conhecê-los. O trecho de Uruguaiana para Paso de Los Libres será a primeira de muitas passagens fronteiriças, onde os trâmites burocráticos devem ser agilizados ao máximo para não atrasar nosso deslocamento. Devemos deixar toda a documentação necessária já preparada e em local seguro, porém com fácil acesso. Atenção para não dispersarmos em atividades paralelas que, por certo, estarão nos tentando.
Neste ponto chamo atenção a um de nossos maiores desafios, que será o de transformar o grupo de jipeiros viajando pelo Cone Sul em uma EQUIPE desbravando caminhos para o Ushuaia, aproveitando ao máximo as atrações, respeitando a integridade e o interesse de todos os participantes.
Na Argentina, em um deslocamento de Leste para o Oeste, passaremos pela região Centro e região do Novo Cuyo, chegando a Mendoza, onde nosso desafio será atingir mais de 4.000 metros de altura para visitar o Cristo Redentor na fronteira Argentina-Chile. Temperaturas baixas e estradas de terra exigirão resistência dos expedicionários, mas a recompensa serão paisagens deslumbrantes, inclusive do Aconcágua, que vislumbraremos de um mirante ainda na estrada para o Cristo Redentor.
Saindo de Mendonza, já na lendária Ruta 40, a maior rodovia da Argentina com mais de 5.000 Km, seguiremos na direção Sul para a região da Patagônia argentina, já passando por longos trechos de estradas com pouco ou nenhum apoio. A exceção será nas proximidades de San Carlos de Bariloche e nos Lagos Andinos, região de forte atração turística e, com certeza, cenário para belas imagens que certamente registraremos.
De Esquel, na Província de Chubut, iremos para mais uma passagem fronteiriça em Futaleufu, onde ingressaremos no Chile para acessar a Carretera Austral e todas as suas atrações, em especial o Parque Nacional Queluat e o Ventisquero Colgante. As características da região se alteram pelas altas elevações e a proximidade com o mar, fazendo com que a vegetação também seja uma atração. Abandonando a Carretera Austral para regresso a Argentina, acompanharemos o Lago General Carrera, para os chilenos, ou Lago Buenos Aires, para os argentinos. Mas não importa de que lado estamos. A região nos promete imagens belíssimas.
De volta à Argentina, inicialmente pela Ruta 41, acompanharemos a fronteira Argentina-Chile, por vezes ficando a menos de 400 metros, em uma região totalmente desabitada e que tem como atração o Monte Zeballos, montanha vulcânica com cerca de 2.740 metros de altura. Em seguida, passaremos pela região do Lago Guio, em que por vezes é registrada a presença do Condor dos Andes e, em seguida, voltamos à Ruta 40, ainda em direção Sul até El Calafate e suas espetaculares geleiras.
Estaremos no verão na Patagônia, com a previsão de chuvas e de intensos ventos que vão nos desafiar nos deslocamentos pelas estradas, podendo ser asfaltadas, na sua maioria, ou de rípio. Neste caso, exigirão grande habilidade de todos para manter a segurança da equipe.
Já ao sul da Patagônia argentina passaremos mais uma vez pela fronteira com o Chile, com destino inicial de Puerto Natales e o Parque Nacional Torres del Paine, considerado por alguns como a síntese da Patagônia por sua diversidade e a presença de pradarias, vales, montanhas, geleiras e lagos. Não podemos esquecer também a Cueva del Milondon, onde se registram vestígios de vida humana há mais de 12.000 anos. Ainda no Chile visitaremos Punta Arenas, capital da XII Região Chilena.
Quase chegando ao Ushuaia mais um desafio nos espera. Nosso deslocamento agora será no sentido Oeste para Leste, acompanhando o Estreito de Magalhães, com um vento Sul de grande intensidade. Na Ponta Delgada, uma travessia de balsa com cerca de 20 minutos nos coloca definitivamente na reta final para o Ushuaia. Mais uma fronteira Chile-Argentina e faltam “apenas” 300 km para o Fim do Mundo. Chegaremos, então, ao ponto mais austral de nossa expedição e poderemos explorá-lo realizando diversas atividades, sem esquecer que, mesmo no verão, a temperatura durante o dia é de cerca de 10°C, fora o vento. Considero o Ushuaia como o registro do homem vencendo os desafios da natureza na ocupação de territórios.
Vamos iniciar o retorno, agora margeando o Oceano Atlântico e suas atrações. Depois de mais uma vez cruzar a fronteira Argentina-Chile, o Estreito de Magalhães e, pela última vez, a fronteira Chile-Argentina, ingressaremos na Ruta Nacional 3 com longos trechos desabitados e, ainda, com a companhia dos fortes ventos. Em Puerto Madryn, nossa atração será a Península Valdés, com grande presença de animais marinhos para belas fotos e filmagens.
Prosseguindo pela RN3, chegamos a Buenos Aires para um rápido pernoite e, em seguida, podemos embarcar no Buquebus para a travessia do Rio da Prata e desembarque em Colônia Sacramento, já em terras uruguaias. O Uruguai é um país de pouca extensão territorial, não sendo, desta vez, foco principal da expedição. No entanto, conheceremos as “ramblas” de Montevidéu, seguindo rápido para o Chuí a partir de onde, finalmente, depois de 23 dias, estaremos retornando ao Brasil.
Embora já no Brasil, ainda temos um grande desafio: percorrer os 250 km entre Chuí e Rio Grande pela areia chegando à Praia do Cassino. Destroços de navios e embarcações, além de material devolvido pelo mar chamarão nossa atenção por estarmos tão perto de uma força da natureza que não conseguimos controlar.  Em Rio Grande de balsa acessamos São José do Norte e, por uma estreita faixa de terra entre a Lagos dos Patos e o Oceano Atlântico, prosseguimos para Mostardas, não sem antes passar pelo Parque Nacional da Lagoa dos Peixes.
Cumprimos, então, todo planejamento relacionado às atrações nesta expedição, nos restando pouco menos de 2.000 km para retornar à nossa terra, onde, por certo, teremos muitas histórias para contar. Espero que aproveitemos muito esses dias para não só conhecer novos lugares e trazer muitas lembranças, como também estreitar as relações entre todos os participantes. Esse é o nosso maior desafio.